Estudo: autismo raro pode
ser tratado com suplementos alimentares
07 de setembro de 2012 • 15h14 • atualizado às 16h42
07 de setembro de 2012 • 15h14 • atualizado às 16h42
Um simples suplemento alimentar poderia ajudar a
tratar um tipo raro de autismo que está vinculado à epilepsia e, ao que tudo
indica, a uma deficiência de aminoácidos, segundo um estudo publicado na
revista Science esta semana. Cerca de 25% das pessoas que sofrem de
autismo são também epilépticos, ou seja, possuem um problema nas conexões
elétricas cerebrais caracterizado por convulsões cujas causas são em sua maior
parte desconhecidas.
Pesquisadores
americanos da Universidade da Califórnia em San Diego e de Yale (Connecticut,
nordeste dos Estados Unidos) foram capazes de isolar uma mutação genética em
alguns pacientes autistas epilépticos que acelera o metabolismo de certos
aminoácidos, o que gera uma carência. Esta descoberta poderia ajudar os médicos
a diagnosticar este tipo de autismo mais rapidamente, o que permitiria também
começar um tratamento mais cedo.
Segundo
os autores deste trabalho seria possível também tratar esta forma de autismo
com suplementos alimentares que contêm os chamados aminoácidos ramificados,
como mostram experimentos realizados com camundongos geneticamente modificados
para ter a mesma mutação genética. "Foi muito surpreendente encontrar
mutações genéticas que afetam o metabolismo e que são específicas do autismo e
podem ser potencialmente tratadas", afirmou o coautor do estúdio Joseph
Gleeson, professor de neurociência da Universidade da Califórnia, em San Diego.
"O
que é mais excitante é que o potencial tratamento é óbvio e simples: trata-se
de dar aos pacientes afetados os aminoácidos que faltam a seu organismo",
disse. O professor Gleeson e seus colegas sequenciaram uma parte do genoma de
crianças autistas em duas famílias que sofriam epilepsia e que contavam com a
mutação do gene que regula o metabolismo dos aminoácidos ramificados.
A equipe
de Gleeson realizou testes com suplementos alimentares comuns disponíveis em
herbários em camundongos modificados geneticamente. Os camundongos com a
mutação genética específica mostraram sintomas de autismo, incluindo ataques de
epilepsia, mas ao serem tratados com suplementos alimentares, a condição deles
melhorou.
"Estudar
os animais foi essencial para nossa descoberta", afirmou Gaia Novarino, do
laboratório Gleeson, e principal autor do estudo. "Uma vez que descobrimos
que podemos tratar a condição em camundongos, a questão era se funcionaria de
forma eficaz em nossos pacientes", disse. Os pesquisadores forneceram o
suplemento a pacientes humanos, mas ainda não há dados suficientes para
determinar se o tratamento serviu para melhorar os sintomas do autismo.
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